Muito se tem dito sobre a nova coqueluche da pop britânica, os Arctic Monkeys. Do quão vertiginosa e brilhante foi a ascensão de putos a esgalhar nos instrumentos que começavam a aprender a tocar na garagem até ao frenesim mediático que lhes saltou em cima desde que I Bet You Look Good On The Dancefloor chegou a nº 1 na tabela britânica de singles, ainda antes de Whatever People Say I Am That's What I'm Not se vender a alta velocidade e se tornar o álbum mais rapidamente vendido na história da indústria discográfica britânica. Só com estes feitos eles já eles fizeram História, mas isto só lhes valia um cantinho de uma página no Guiness Book Of Records, onde se salientava em letras carregadas pelo negro da impressão em bold a soma em libras de quanto os rapazolas de Sheffield valiam em 2006. O que realmente ficou foi o magnífico álbum de estreia, o qual não vale a pena referir muito mais porque muito já foi dito por essa imprensa fora.
Importa é falar do novo álbum, Favourite Worst Nightmare. Se Whatever People Say I Am... foi a minha banda sonora do verão passado e tornou-se um clássico instantâneo um pouco por todo o mundo, este é que é finalmente o meu clássico, daqueles que se guardam com reverência na estante e não hesitamos em por na nossa lista de favoritos quando alguém nos pergunta pelos álbuns da nossa vida. Como fica bem ao lado do Joshua Tree e do Songs For The Deaf...
Pois, a referência aos Queens Of The Stone Age até faz sentido quando se ouve o single de abertura, Brianstorm. Matt Helders, o energético baterista, faz lembrar Dave Grohl a atacar as peles e os pratos com máxima velocidade e potência. As guitarras abandonam as paisagens da britpop e do revivalismo do pós-punk ao qual a crítica especializada em encher páginas de fotos promocionais e publicidade e a lojas de discos os enfiam, fazendo-se notar as novas influências que se terão infiltrado durante a digressão que os fez atravessar o globo e as noites passadas na pista de dança, a ocupação prioritária dos intervalos das gravações com James Ford, o produtor da revolução new rave dos Klaxons, conseguindo manter e tornar mais coesa a marca do seu som.
A escrita de Alex Turner, o rapaz que até à pouco tempo ainda se embaraçava de vergonha a mostrar aos amigos os seus textos, tornou-se mais madura. Pode parecer óbvio afirmar que o jovem vocalista amadureceu quando se descobrem novos temas nas suas canções e a prosa de observação social, que marcou o estilo singular da escrita e canto de Turner no primeiro álbum, se abrir a panoramas mais abrangentes que o seu subúrbio de Sheffield, mas a verdade é que este rapaz ultrapassa a mediania característica da escrita de canções pop, tem o talento de um escritor, provoca aquela sensação de quando lêmos nas páginas de uma obra prima qualquer o que já nos passou pela cabeça, mas com a conjugação perfeita das palavras que assaltam os nossos pensamentos mas não conseguimos domesticar com a ponta de uma caneta.
Para chamar a atenção aos cépticos e revoltados com os revivalismos que têm marcado a música deste início de século, os Beatles eram apenas uma banda de admiradores de Elvis Presley e Buddy Holly que foram inspirados o suficiente para forjar o seu som com base naquilo que gostavam e sabiam tocar: Rock N' Roll. Assim são também os Arctic Monkeys, definindo a pop da primeira década do século XXI do mesmo modo que os Beatles definiram a música dos anos 60.