Sunday, May 09, 2021

Crítica e elogio a Tato Borges

 A medida de fechar o comércio em geral às quinze horas, durante o fim-de-semana, é um grande erro. Esta medida provoca uma enorme aglomeração de pessoas nas manhãs de sábado e domingo nas grandes superfícies comerciais.

Nós, os felizardos que trabalhamos (há aqueles que estão proibidos de trabalhar), entre os afazeres profissionais e familiares, ficamos com o fim de semana para conseguirmos fazer as compras mais completas.

No fim de semana da Páscoa, tal como nestes últimos, é ver as enchentes nos super e hiper mercados durante o período da manhã.

Duvido muito que a lotação esteja a ser respeitada tal é a concentração de clientes. Formam-se filas às entradas, corredores cheios e filas para pagar. Tudo aquilo que o Governo e a Autoridade de Saúde desaconselham.

Resta a pergunta: os Senhores governantes o que pretendem com isso?


Para além disso, o regresso parcial às aulas, ainda antes de acontecer já dava azo a recuos (ATLs afinal não abrem). Uma abertura parcial, só um período manhã ou tarde, apenas serve para complicar a organização familiar. Como muitos já apregoam: se era para isto, antes continuar no ensino à distância. Esta meia abertura, em termos pedagógicos bem não fará e só complica a vida das famílias.


Por fim, um elogio.

Durante o anterior governo, bastou ao autarca de Vila Franca do Campo reclamar o fecho das escolas numa entrevista na RTP-A, que, no dia seguinte, a Autoridade de Saúde obedecia ao pedido do autarca.

Desta vez o autarca voltou a bradar os seus pedidos também numa entrevista na RTP-A, mas agora o presidente da comissão de combate à Covid até se riu dos argumentos errados do autarca.

Ao menos pensa pela sua cabeça. Pena não acertar mais nas medidas.

Monday, January 25, 2021

rescaldo das eleições de ontem

a)

Marcelo, ganhou o presidente das selfies, que mesmo sendo um professor de Direito

esquece o básico acerca dos direitos fundamentais - como se viu nos decretos de estado de emergência

b)
Ana Gomes
ganhou por ter ficado em 2º, mas com tanta distância para o 1º e tão pouca para o 3º... deve estar com azia

c)
André Ventura, demite-se por não ter ficado em 2º.
Mas recandidata-se, a azia é temporária e calculada.
Faz lembrar o irrevogável Paulo Portas... em tudo o que este tinha de pior

d)
os outros
 a Marisa, o João e o Tiago tiveram muitos poucos votos
apesar de desempenhos bastante diferentes nos debates,
afinal os eleitores ligam a que os candidatos dizem ou votam conforme a cor do clube/partidário?

e)
Tino - teve um honroso último lugar.

f)
A abstenção foi alta, mas tendo em conta o cenário de pandemia, foi baixa.

Monday, November 16, 2020

Interessa quem manda?

 Ouço frequentemente “não me interesso por política” e “não percebo nada de política”.Tenho a sensação que quem o diz confunde política com partidos.

 

Não me interesso pelos partidos, nem percebo nada de partidos.

 

Já pela política, sim, interesso-me e muito, e a razão é simples.

 

A política é o governo da nossa vida em sociedade.

 

A política é decidir quantos impostos se pagam e o que se faz com os mesmos, quantos e onde se constroem hospitais, escolas e estradas.

 

Por estes assuntos, todos nos interessamos e percebemos (mais de umas áreas que outras).

 

Os tempos atuais de pandemia mostraram, a quem acha o contrário, que; a política é ainda, e essencialmente, a gestão das liberdades individuais e a defesa do bem supremo que é a dignidade da pessoa humana.

 

Todos gostamos da nossa liberdade e do nosso património.
E a política é a gestão, por um governo, dessa liberdade e desse património.

 

Convém nunca esquecer que as regras processuais (constituição) servem para proteger o cidadão contra o desgoverno de quem nos governa.

 

Principalmente em tempos de pandemia, temos de estar atentos e interventivos para que quem nos governa cumpra as regras essenciais (como a constituição).

 

Embarcar em unanimidade e deixar o governo legislar como quiser é abdicar da nossa liberdade, e a história já nos ensinou que isso leva ao autoritarismo com atropelos aos direitos essenciais.

Em tempos como os atuais em que os partidos da oposição passam cheques em branco aos governos em nome da defesa da saúde, nunca nos devemos esquecer das lições da história.

 

Quando os governos assumem mais poder e impõem mais restrições, devemos estar mais atentos às medidas tomadas pelos governantes e pensar sobre tais medidas.

Pensar não é apenas fazer like.

 

Ao contrário do apregoado por alguns políticos, a saúde, sendo importante, não é o valor mais alto.

O da dignidade da pessoa humana, sim.

A saúde pode ser defendida num regime ditatorial, já a dignidade e a liberdade, que é essencial àquela, nunca é aceite por governantes ditatoriais.


Saturday, October 17, 2020

a propósito da nova calamidade

 

É mais fácil os cidadãos seguirem as normas ditadas pelos governos, quando há coerência e fundamento percetível.


Ora aqui nos Açores:

as touradas são permitidas;

as touradas já não permitidas;

as touradas voltam a ser permitidas.


Já o Azores Rally foi o que foi...


A nível nacional:

os jovens na noite é o maior perigo;

proibiram-se os festivais,

mas a Festa do Avante pode ser.


O tribunal, onde foi interposta uma providência cautelar para impedir a festa do Avante, assobiou para o lado.


Isto sem esquecer que os aviões são o único local de atividade económica a funcionar com lotação a 100%.


Por outro lado, durante o período mais letal até agora da pandemia, o número total mortes estava em linha com o número total de mortes nos últimos dez anos - publiquei um post a 22 de Abril relativo a isso.


No início de setembro, os números de mortes diárias por covid estão muito baixas (2, 3 por dia e em alguns dias nenhum).


Ora morreram mais 5882 nos últimos seis meses do que em período igual no ano passado, apenas 1855 foram de covid, números do INE a 11 de setembro.

Finalmente a realidade a mostrar que a estratégia de deixar por fazer todos os exames, consultas, cirurgias... para concentrar tudo no combate à covid foi errada. Levou a um aumento de 4.027 mortes (não covid).


Ouvi na conferência diária, um membro do governo a mandar condolências aos familiares das vítimas de covid.

Já ouviram isso a respeito das vítimas da gripe sazonal, do cancro ou de AVC?

As vítimas de covid têm mais dignidade do que as outras?


Thursday, August 27, 2020

confinar e economia

 Eu sou eu e minha circunstância"  José Ortega y Gasset

Esta citação faz-me sempre pensar que estamos sempre limitados por um tempo e um espaço.


O mundo atual é o que é.

E divide-se, para o que aqui interessa, em terceiro mundo, principalmente, países africanos e sul americanos,

países pobres e cujas economias são de subsistência; e os países capitalistas, na maioria na europa e américa do norte, com economias baseadas no consumo.


Isto para dizer o seguinte:

decretar o confinamento em países do terceiro mundo pode ser exequível,as pessoas vivem em economia familiar e do que a terra dá (e por vezes é mesmo muito pouco), assim o confinamento não mexe com a estrutura da sociedade.


Nos ocidentalizados, o confinamento para o consumo, cria desemprego principalmente a quem não tem mais do que o suficiente para o dia a dia (a noção de poupança não existe para 90 % da população dos países desenvolvidos). Aqui deixar de receber o salário durante um mês equivale a ir para a fila da ajuda social (quando existe).


Exemplo máximo os EUA!

Quando escrevo o primeiro rascunho deste texto os EUA contam quase 120.000 mortes pelo covid-19, é muito? Sim, claro.

A outra face da moeda, em dois meses de confinamento, são os novos 40 000 000 de desempregados, num país onde o apoio social é fraco e as pessoas não têm pé de meia a que recorrer.

Em Portugal, no fim de junho, mais 103 mil desempregados que em junho de 2019.


Quando não há dinheiro e há fome generalizada o que acontece?

Uns dedicam-se a pilhagens outros mendigam – é assim há tempos imemoriais.


E a isto ligo o seguinte:

O que aconteceu a George Floyd foi abominável.

Mas a mim não me convencem que o desemprego que existe nos EUA e em muitos outros países industrializados não foi também umas das razões para as pilhagens que se verificaram nas manifestações.


Tuesday, June 23, 2020

podia ter sido diferente


Há uma ideia falsa e perigosa que líderes da União Europeia e de países europeus começaram a lançar:
Ninguém estava preparado para esta pandemia, não se podia ter feito melhor.”

A primeira parte, a realidade está a comprovar; já a segunda...

a)
o que deveria ter sido feito no longo prazo!
 

Avisos não faltaram nos últimos dez anos:
- a SARS, a Gripe das Aves, a Gripe Suína/ gripe A, o Ébola, mas os governos não cuidaram de fortalecer o SNS e o SRS.
 
Há muito que uma epidemia viral era expectável.

 
Por que não houve investimento em ventiladores, camas de cuidados intensivos, em pessoal médico e auxiliar?
 
Ainda a longo prazo, a concentração de meios de produção na China fez com que; sendo necessários ventiladores, máscaras, material de proteção e só houvesse produção na China!
 
 
b)
o que podia ter sido feito no primeiro trimestre de 2020!
 
Desde o fim de 2019 que o surto do novo coronavírus era conhecido.
 
Nada de relevante foi feito durante o primeiro trimestre de 2020. A UE foi uma nulidade.
Tanto se podia fazer melhor que houve países que fizeram melhor e
muitos deles muito mais próximos do local origem do vírus, Macau, Japão, Coreia do Sul, são apenas alguns exemplos.
 
Todos os quadros e assessores qualificados nos governos europeus e na UE e ninguém se lembrou de telefonar ao homólogo oriental?
 
 
c)
o que podia ter sido feito diferente em plena crise!
 
O foco foi demasiado no “fique em casa” (principalmente em Portugal, não pensaram nas consequências na economia real e no emprego?), quando o foco deveria ter sido nas medidas de convívio com o vírus: distanciamento social, lavagem das mãos, etiqueta respiratória.
 
d)
o que está sendo feito para lidar com uma segunda vaga ou outra epidemia?
 
Os hospitais estão a ser equipados com mais camas, mais material/equipamentos e com mais recursos humanos?
 
Que o SNS e SRS não estão preparados para um novo surto comprovamos por dois factos:
  • as listas de espera que existem há décadas, algumas bastante demoradas, para consultas e cirurgias. Ou seja; o SNS e o SRS já custam a dar resposta atempada às necessidades permanentes.
  • durante a fase mais grave de COVID19 todos os restantes doentes não urgentes ficaram por sua conta e risco. O SNS e o SRS apenas tratou do COVID.