Friday, June 22, 2007

O meu cérebro é uma estação de rádio

Há álbuns que nos deixam nas nuvens. Literalmente. Certamente não será a audição por si só a provocar um estado alterado da mente. São todas as condicionantes da envolvente a interferir com o nosso estado de espírito no momento. Bem, até parece que ouvir música provoca os mesmos efeitos que certos narcóticos. Mas é verdade. Dependendo do álbum.
As últimas nuvens por onde andei eram amarelas, sob um céu púrpura, um espaço que progressivamente virou um caleidoscópio de mil e uma cores, e foram mil e uma noites de audição, até que já nem precisava por o disco a tocar, ele já habitava a minha mente. Talvez não foram mil e uma noites, mas os outros mil estão correctos... bem, considerando que mil podia ser um milhão, é a ideia de infinito que pretendo ilustrar (e fazer a tão óbvia analogia com "As Mil E Uma Noites", que, de jeito sofrido, pretende dar credibilidade intelectual a este texto).
À parte este devaneio (que não corresponde à verdade mas anda lá perto), o último álbum que ouvi e me provocou os faustosos e rebuscados efeitos visuais e perceptivos (sim, percepção é muito mais que visão... penso eu) foi De-Loused In The Comatorium, dos The Mars Volta. São uma reputada banda norte americana, da cidade de El Paso, Texas, cujo som é definido como neo-psicadelismo/rock progressivo, e cuja dupla de compositores (Omar Rodriguez-Lopez e Cedric Bixler-Zavala) são ávidos fãs da série de ficção científica britânica Doctor Who.
O dito álbum, já o conheço há algum tempo, mas quando o ouvi esta semana pelas duas da madrugada, foi a derradeira experiência. Acho que o subconsciente (ou o inconsciente, não sei distingui-los... tenho que ler Freud) gosta mesmo de pregar as suas partidas, e se não é ele é outra coisa qualquer no meu cérebro que regula a playlist "o que me apetece ouvir agora?", culminando em verdadeiras temporadas de transmissão radiofónica que invade as minhas ondas cerebrais, tomando controle de todos os barómetros da vontade, fazendo-me perseguir tudo o que esteja relacionado com a dita transmissão. Pois agora a transmissão é Mars Volta alternado com Klaxons, e lá vou eu procurar livros de ficção de científica, mas daqueles mesmo marados, definitivamente pós-modernos. Quem tiver William Burroughs ou Thomas Pynchon, faça o obséquio, que eu vou à loja buscar um cadinho de Kafka e Lovecraft, enquanto leio um livro de contos do Nabokov...
Para ilustrar as vossas mentes, deixo-vos a capa do álbum, concebida pelo "amigo dos Pink Floyd" Storm Thorgerson.

3 comments:

divagador said...

se for a atlântida, tás na minha lista negra

Anonymous said...

Faz redacções mais pequenas. A gerencia agradece.
Até que está fixe mas............ é grande demais.

divagador said...

ma k ainda vamos ter no ringue pimentinha vs braço armado da fatinha